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EMPRESA PORTUGUESA DÁ CARTAS NOS PIRENÉUS
Empresa portuguesa dá cartas nos Pirenéus
2016-07-28
Empresa portuguesa dá cartas nos Pirenéus


A ideia é simples e ao mesmo tempo inovadora: a população passa a ter a responsabilidade de depositar em contentores semienterrados não só o lixo doméstico, mas também papel, cartão, plástico, metal e vidro, através de um sistema de controlo PAYT (Pay-As-You-Throw). Isto significa que para conseguir depositar o lixo (apenas na zona dos resíduos indiferenciados) é necessário pagar uma tarifa e, portanto, quanto mais lixo produzir e depositar, mais o cidadão paga.

 

Foi com esta ideia em mente que a associação de municípios de Soule-Xiberoa, na região dos Pirenéus franceses, escolheu a empresa portuguesa Sopsa para um projeto inovador de otimização de recolha de resíduos. O grande objetivo deste projeto pioneiro, inserido no programa Op’, implementado a nível local no âmbito da gestão ambiental, é, acima de tudo, a redução em pelo menos 30% do volume de lixo doméstico através da separação e reciclagem. “Como estes contentores estão equipados com um sistema de controlo de acesso na fileira dos indiferenciados associado a uma tarifação PAYT (poluidor/pagador), permitem incentivar a separação seletiva e, consequentemente, aumentar as taxas de reciclagem”, explica Pedro Martins da Costa, CEO da Sopsa. E não só: “Desta forma consegue cumprir-se com as diretivas europeias que recomendam a implementação de modelos de tarifação poluidor/pagador, ou seja, em função da quantidade de resíduos produzidos.”

 


Por outro lado, e graças à capacidade (cinco metros cúbicos) dos 72 contentores já instalados nos municípios de Soule-Xiberoa em novembro de 2015, “é possível reduzir drasticamente a frequência de recolha e os consequentes custos operacionais, bem como o consumo de combustível, a poluição e os riscos laborais para os operadores”, continua Pedro Martins da Costa. Os contentores, da marca Lasso, são criados pela Sopsa, uma empresa nacional, com sede na Maia, que desenvolve contentores enterrados e semienterrados, e são o resultado de uma filosofia de desenvolvimento de produto baseada na Eco Inovation: “Com produtos e processos que permitam acrescentar valor à empresa e aos seus clientes, reduzindo os impactos ambientais negativos”, explica o CEO.

 


Reciclar para poupar

 


Quanto aos cidadãos (utilizadores/poluidores), poderão ver a tarifa reduzida à medida que reciclam mais. Como uma espécie de compensação por separarem o lixo e reciclarem.
Assim, não é apenas o Planeta que agradece, mas o próprio município beneficiará: “Caso o município opte por manter os proveitos das tarifas sobre os RSU inalterados, estes ganhos adicionais obtidos com a otimização podem ser utilizados para outros projetos em benefício da comunidade”, acrescenta o CEO da Sopsa.

 

Porém, por enquanto as tarifas diferenciadas ainda não estão a funcionar: “A implementação da tarifação PAYT está prevista pelas autoridades locais da região para o início de 2017, sendo o ano de 2016 um período de sensibilização da população e de monitorização dos volumes de RSU depositados, com vista à fixação das tarifas do PAYT.”
Segundo a empresa, com a instalação destes novos contentores os municípios de Soule Xiberoa preveem uma poupança de cerca de 70 mil quilómetros por ano nos circuitos de recolha, o que reduz não só a poluição mas também os custos operacionais.

 

Os contentores foram colocados apenas em novembro de 2015, mas Pedro Martins da Costa considera que é já possível ter uma noção clara da poupança em combustível e custos: “A poupança real em termos de combustíveis inicia-se logo com o arranque do projeto, uma vez que a conversão do anterior sistema de contentorização de superfície de baixa capacidade para esta contentorização semienterrada de grande capacidade permite logo uma redução imediata das frequências de recolha. No final deste ano será possível aferir as poupanças reais anuais, que podem ser superiores às estimativas iniciais.”



PORTUGAL ESTÁ PREPARADO PARA O SISTEMA PAYT?

 


Segundo dados da Sociedade Ponto Verde, em 2015 foram recolhidas 728.806 toneladas de embalagens para reciclar graças aos esforços de separação de resíduos dos cidadãos. Mas estará Portugal preparado para um sistema PAYT? Pedro Martins da Costa acredita que sim: “Temos excelentes condições para a implementação deste tipo de projetos, através da instalação de contentorização enterrada e semienterrada de grande capacidade, a qual poderá ser ainda potenciada pela utilização de sistemas inteligentes para a monitorização do nível de enchimento desses mesmos contentores.”

 

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