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ESTAR NA MODA É SER ECO
Estar na moda é ser eco
2015-09-18
Estar na moda é ser eco

Moda Sustentável


Em Portugal, surgem cada vez mais marcas de roupa, de calçado ou de acessórios que têm no ambiente e na sustentabilidade uma das suas maiores preocupações. 


Do material utilizado à estratégia de produção, tudo é pensado de forma a atingir o máximo de estilo e a causar o menor impacto possível no planeta.

 

A indústria da moda tem sabido adaptar-se a um consumidor mais atento e preocupado à sua pegada carbónica, apresentando-se capaz de assumir um compromisso de equilíbrio entre os imperativos económicos e as preocupações ambientais. 

 

Em Portugal, são muitos os projetos e as marcas que se assumem como ecológicos, como é o caso de SofiaCMota – Joalharia e Eco-Design (ver vídeo). O nome não deixa margem para dúvidas: trata-se de uma marca que se dedica à criação de acessórios. O material, esse, incide na reutilização de cápsulas de café, que se transformam em inovadoras e arrojadas criações, capazes de conquistar clientes um pouco por todo o mundo. 

 

Mas o conceito de sustentabilidade de Sofia Canas de Mota não se fica por aqui: as borras de café que retira das cápsulas são ensacadas e entregues a pessoas que vivem do que a terra lhes dá e que agradecem este fertilizante. Continuamos no campo da joalharia e encontramos outra Sofia. É ela a mentora da Sofia Gomes Jewellery Designer, projeto que nasceu quando a designer estava a estudar e teve oportunidade de trabalhar com cortiça. “Quando comecei a manipulá-la, gostei tanto da liberdade que me dava e do seu toque que comecei logo a pensar que queria fazer a peça final em cortiça”, recorda. 

 

Terminado o curso, teve a certeza de que queria explorar e seguir este caminho. “Desde então, tenho abraçado este projeto e investido muito de mim nele; talvez seja por isso que apresento a marca nas redes sociais como ‘cork jewellery made with care’”, diz Sofia, sublinhando que o facto de trabalhar com aglomerado de cortiça, ainda 100% natural, permite o máximo aproveitamento de desperdícios e a utilização de uma cola natural no trabalho, a resina. 

 

Continuando no universo dos acessórios, vamos até Évora, onde Anabela Marques criou a marca Idict. Um projeto que assenta na política dos 3 R’s (redução, reutilização e reciclagem). Assim, o plástico PET reutilizado e o papel de revista fundem-se para criar peças surpreendentes. 

 

Não menos surpreendente é a recriação da arte da filigrana através de artesanato tecnológico, a proposta da marca Alicato, um dos vários projetos da Weproductise, uma incubadora para ideias inovadoras em ecodesign. António Mota Vieira explica que “o material utilizado é o PLA, um biopolímero (vulgarmente denominado bioplástico) em formato de fio”, e o resultado mostra a vontade de esta empresa promover a aliança entre tecnologia e ecodesign.

 

Peças únicas

 

Em 2014, Ana Rita Carvalho e Nélson Sampaio sentiram vontade de criar um acessório diferente para levar a um casamento, e por isso decidiram apostar numa gravata. “Após contactar o carpinteiro, decidimos que a gravata poderia ser feita reutilizando ripas de madeira que tinham sido colocadas de lado por ele”, recordam. O sucesso foi imediato e nasceu a RIPA, uma marca de objetos de design fabricados a partir do aproveitamento e valorização de matérias-primas, nomeadamente a madeira. 

 

Também de madeira são feitos os óculos e as malas da Resso, marca das irmãs Catarina e Rita Rocha. “Não existem dois pares de óculos Resso iguais, porque cada peça é totalmente artesanal. A madeira utilizada é de origem sustentável e tratada para que resista ao sol, à humidade e a outras variações climáticas”, explicam. No fabrico são utilizados produtos amigos do ambiente, evitando, assim, a utilização de químicos e produtos tóxicos, o que nos coloca perante óculos ecológicos e biodegradáveis. 

 

Continuamos a descoberta. “O nosso calçado é feito com materiais obtidos de maneira sustentável. As nossas peles são curtidas com produtos naturais e as solas em couro, bem como as peles de vitela naturais dos nossos modelos In The Morning, levam um tratamento com ceras vegetais; muito do calçado inclui também uma sola feita 100% de pneu reciclado, daí o caráter ecológico da marca e a inspiração para o nosso nome!” A explicação é de Pedro Rente Lourenço, a propósito da marca de calçado Green Boots, nascida da vontade de modernizar as tradicionais botas portuguesas. 

 

Terminamos com umas T-shirts conscientes quanto ao impacto que têm a nível ambiental e social. Pedro Henriques conta-nos que se trata de produtos ecológicos “tendo por base algodão orgânico, material que na sua produção está isento de pesticidas e químicos, o que evita que os solos, os rios, a fauna e a flora próximos ao local de produção sejam poluídos ou prejudicados. O poliéster reciclado, que consiste na transformação de garrafas PET ou outros objetos em fio têxtil, é a outra base dos nossos artigos”. Importa também dizer que todos os trabalhadores afetos à produção são respeitados e verifica-se um comércio justo com os produtores, daí que as peças tenham o aval Fair Trade. Resta acrescentar que as T-shirts se chamam OHNO, marca que tem o sentido de exclamação. “Oh, no!”, para tudo o que é feito de forma desrespeitosa para com o ambiente.

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