Com a bicicleta a transformar-se cada vez mais numa alternativa ao automóvel, como um meio de transporte ecológico, saudável e bem mais económico, um grupo de alunos de Design da Universidade do Minho pretende agora dar mais um passo em frente, tornando o popular veículo ainda mais sustentável e inclusivo. Para isso criaram um imaginativo protótipo, baptizado de Wicla, com motorização eléctrica e construído com materiais bemportugueses, como a cortiça e a madeira. O projecto nasceu de um desafio lançado a 19 alunos no âmbito do mestrado em Design Integrado do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, aos quais foi pedido o desenvolvimento de um serviço de
mobilidade urbana alternativa.

Apenas com 38 kg de peso, a Wicla é apresentada como “um triciclo urbano sustentável e alternativo à clássica bicicleta”. A opção pelas três rodas, escolhidas em vez das tradicionais duas, também não foi inocente, pois o objectivo é facilitar a condução do veículo ao maior número de pessoas, até mesmo a quem não sabe andar de bicicleta, tendo assim como público-alvo todos os grupos populacionais e faixas etárias.
Os primeiros protótipos, que já rodam por aí, foram produzidos por empresas de Viana do Castelo que até então pouco ou nada tinham a ver com o ciclismo e contou com o apoio do Grupo Amorim, que forneceu a cortiça para os selins, feitos neste material de modo a proporcionar aos ciclistas um maior
conforto. Já para a construção do quadro, o material escolhido foi a madeira, por questões ambientais mas também estéticas,uma vez que serve também para ocultar os fios e baterias do motor eléctrico – os outros materiais usados, mas em menor escala, são a borracha e o alumínio. A utilização da madeira e a colocação das baterias foram o desafio mais complicado de todo o processo de concepção e construção da Wicla. Devido à dimensão do motor eléctrico, foram necessários alguns ajustes
ao quadro, que acabaram por prolongar os trabalhos por mais algum tempo. Para garantir maior estabilidade e segurança, conta com três rodas tamanho 24 e está equipada com uma motorização eléctrica que, em situações de dificuldade, acciona a pedalada assistida, permitindo uma utilização mais alargada – dos mais novos aos mais velhos. Para apadrinhar o projecto, que demorou seis meses a concretizar, foi convidado o ciclista Rui Sousa, profissional da equipa do Boavista, que já experimentou e aprovou o inovador triciclo. O passo seguinte passa agora por patentear a Wicla, se bem que a produção em massa e comercialização do veículo ainda não seja, para já, uma prioridade para este grupo de alunos e professores. Enquanto projecto surgido numa instituição de ensino, o
objectivo é mais o de “proporcionar uma possibilidade concreta de trabalho para os alunos”. Nesse sentido, vai ser criada uma plataforma que permita a continuação do projecto. Em paralelo,  professores e alunos têm estado em contacto com diversas entidades internacionais, como universidades, centros de investigação e autarquias de países como Itália, França, Dinamarca ou EUA, onde foram e estão a ser desenvolvidos projectos similares. Certo é que a Wicla já despertou a atenção da comunidade ciclista internacional, merecendo até um artigo na revista Urbancycling. O próximo passo é trazê-la para as ruas de Portugal, concretizando o sonho inicial dos alunos de fazer
da Wicla “um veículo para ser partilhado pelos cidadãos”, num conceito de bike sharing que abre um sem-fim de possibilidades para fins turísticos. Haja interessados; o sucesso está garantido.