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ECO BOOK
Eco Book
2015-05-28
Eco Book

Qual é coisa qual é ela que tem folhas onde se pode fazer rascunhos, desenhar e escrever as vezes que se quiser mas que não é de papel? Não sabe? É o EcoBook, um caderno que por fora se assemelha aos tradicionais mas que por dentro funciona basicamente como um quadro branco igual àqueles que encontramos nas escolas e nas empresas. Além de prático, tem a grande vantagem de ser ecológico (reutilizável). Uma forma de poupar papel, logo, o ambiente.

 

A invenção é portuguesa e tem dono. Chama-se Pedro Alves, um estudante de 18 anos natural de Viseu mas a viver, a trabalhar e a estudar Engenharia Eletrotécnica e de Computadores no Porto. A ideia desta criação surgiu por força das circunstâncias. Como nunca se ajeitou ao lápis, porque não desliza bem, a borracha estraga as folhas e a caneta, apesar de deslizar, não se pode apagar, quis facilitar a escrita durante os estudos comprando um quadro branco onde pudesse escrever e apagar com facilidade as vezes necessárias. Mas tinha um contra: era demasiado grande, não se podia transportar, pelo que quando tinha dúvidas a tirar com o professor necessitava de fotografar o que escrevia ou de passar tudo para papel. Não dava jeito! Procurou então um quadro do género em formato portátil. Em vão.

 

Decidiu por isso que tinha de ser ele a fazê-lo. Depressa meteu as “mãos na massa” e desenvolveu um primeiro protótipo. Falou com o amigo Matheus Gerken, um estudante de Gestão de Marketing, de 20 anos, que adorou a ideia, e, juntos, deram seguimento ao projeto. Dinheiro não havia, pelo que para se financiarem fizeram uma campanha de crowdfunding que teve enorme sucesso. Originalmente solicitaram 1250 euros e obtiveram cerca de 2300, mais 85% do que tinham pedido. O capital conseguido destinou-se à produção de stock, à criação da empresa e ao registo da marca. Sete meses mais tarde, o EcoBook estava disponível na loja online que entretanto criaram.

 

A recetividade das pessoas e de algumas instituições ao caderno reutilizável superou as expectativas iniciais e, hoje, as vendas vão no bom caminho (começaram em meados de 2014 na série 0-3000 e já ultrapassaram esse número), tornando o projeto autossustentável. “Para um produto totalmente novo, estes resultados conseguidos em tão poucos meses são bastante positivos”, consideram. De tal forma que, apesar de tão jovens, já pensam o negócio com verdadeira estratégia empresarial: “Gostávamos de ser uma empresa de referência portuguesa, reconhecida pela qualidade dos seus produtos tanto por clientes como por colaboradores, comunidade, fornecedores e investidores.” Outro dos objetivos consiste em poder ajudar causas solidárias. Recentemente desenvolveram uma campanha, que realizaram em conjunto com a Cruz Vermelha de Viseu, em que 50 cêntimos de cada caderno vendido revertiam a favor daquela instituição.

 

A longo prazo, o mundo é o limite. Por agora, faz parte dos planos a internacionalização para a Europa e para a América do Sul. Entretanto, estão à procura por todo o País de revendedores interessados em comercializar a invenção. Fátima, Maia, Viseu e Caparica são as quatro localidades que vendem o caderno em loja física nas suas três versões: A4 liso, A4 pautado e EcoNoteBook (A5); as canetas próprias, para não mancharem, compram-se em conjunto ou separadamente, nas cores preto e vermelho.

 

Rosas e espinhos

 

Embora o negócio esteja a correr de vento em popa, nem tudo tem sido facilidades. “Para nós, a parte mais difícil foi lançar para o mercado um produto inovador, algo que as pessoas não conheciam. Visto numa prateleira, o EcoBook parece um caderno perfeitamente normal, por isso a cada venda tínhamos de explicar ao cliente o que era, o que fazia, como funcionava”, esclarece Pedro Lopes. A esta dificuldade juntou-se o fator idade. “Nós chegávamos a uma papelaria, a uma fábrica ou a uma empresa para negociar e as pessoas simplesmente não nos levavam (e às vezes ainda não nos levam) a sério. Solucionámos o problema com a nossa postura e a nossa maneira de falar. Só assim se foram apercebendo de que não estavam à frente de duas crianças, mas sim de dois empresários que por acaso eram, e são, jovens.”

 

Vontade de trabalhar não lhes falta. Aliás, esse é talvez o grande segredo da empresa que dirigem. “Ser empreendedor é como saltar de um precipício e ter de construir o próprio paraquedas. Não obstante os altos e baixos, os sucessos e insucessos da experiência, tenho orgulho em olhar para trás, ver tudo o que alcancei apesar de tão novo e pensar que todos os sacrifícios têm valido a pena”, remata Pedro, confessando ainda ter passado muitas noites sem dormir.

 

O EcoBook (ecobook.pt) constitui um exemplo de como sustentabilidade e solidariedade podem andar de braço dado com negócio.

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