Tudo começou de forma inconsciente, por volta dos seis ou sete anos, no trabalho do pai. Aí, o Sr. Armindo captava a atenção de Mário Daniel fazendo dois ou três truques de magia, sempre os mesmos, o suficiente para fascinar uma criança. Criança que foi crescendo e que, entre caixas e livros de magia que passaram a ser parte obrigatória da lista de prendas nos aniversários e nos Natais, começou, aos 14 anos, a fazer uns espectáculos pequeninos na terra onde vivia, Peso da Régua. Passados três anos, Mário começou a querer fazer da magia o seu modo de vida. “Acabei por esquematizar uma ideia e enviei-a para a SIC, aos 18 anos, já com o nome Minutos Mágicos!” Hoje, Mário Daniel é um rosto conhecido do grande público, seja em televisão seja no palco, com o seu espectáculo Fora do Baralho, levando a sua magia a uma audiência transversal no que toca a idades. E se a televisão é um meio de comunicação por excelência, seria também em comunicação que Mário assentaria um truque de magia que se relacionasse com as questões ambientais. “Utilizaria a magia como meio de comunicação, mostrando quão graves serão os danos se continuarmos a fazer uma gestão não sustentável dos recursos do Planeta. Colocaria à vista de todos a imagem daquilo em que o Planeta se transformará se continuarmos a cometer vários erros e, depois, a imagem de como o Planeta poderá ser se decidirmos alterar grande parte dos nossos hábitos.” E desses pequenos hábitos que promovem um futuro melhor, o mágico separa o lixo, fecha a torneira quando está a tomar banho ou a lavar os dentes e tem o cuidado de não deixar luzes ligadas quando não está numa divisão. Pequenos gestos que Mário considera que deviam ser quase banais, pensamento atraiçoado quando se depara com determinadas situações. “Quando vejo pessoas a  tirar lixo pela janela do carro, tenho vontade de apanhar o lixo e voltar a colocá-lo lá dentro! Chego à conclusão de que tudo isto é uma questão de educação... Por exemplo, não entendo quem atira beatas para o chão como se fossem a coisa mais biodegradável do mundo! É surreal e é capaz de ser o gesto que mais me choca.”

LIXO QUE FICA NO MAR
Mário faz mergulho e, nesses momentos, vê bastante lixo no mar. Para lá das garrafas de plástico,existem várias armadilhas abandonadas pelos pescadores. “Em duas horas, é fácil encontrarcinco ou seisarmadilhas dessas.”

FAZER O BÁSICO
Não atirar lixo para o chão, fechar as torneiras enquanto lava os dentes ou toma banho, não deixar luzes acesas, são gestos que considera normais.

MAIOR CONTROLO DA EMISSÃO DE GASES
“É impressionante a fumarada que alguns carros fazem! Não posso deixar de questionar o porquê de ser tão fácil multar um carro mal estacionado e, depois, ver carros a largar aquele fumo preto sem punição.”

O GESTO MAIS CHOCANTE
O mágico fica incrédulo com o facto de, mesmo pessoas que não atiram lixo para o chão, se desfazerem das beatas dos cigarros como se fossem a coisa mais biodegradável do mundo.

POLUIÇÃO QUE SE COLA À PELE
“Não consigo deixar de pensar, quando vejo pessoas a fazer running no centro da cidade, que aquilo faz mais mal do que bem, dada a quantidade de poluição existente no ar.”

"Quando vejo pessoas a atirar lixo pela janela do carro, tenho vontade de apanhar o lixo e voltar a colocá-lo lá dentro!" (Mario Daniel)

A MAGIA TAMBÉM PODE SER VERDE
Se no seu dia-a-dia Mário Daniel tenta promover pequenos gestos em prol do ambiente, também na sua profissão promove o lado eco. Quem o vê actuar, por certo já se apercebeu da quantidade de cartas que Mário dobra, corta ou rasga. Quer isto dizer que, em cada um desses truques, há um baralho inutilizado. Assim, o mágico opta por utilizar as cartas que sobram para dar os autógrafos a quem lhos pede. “Acredito que é uma forma de evitar gastar mais papel e que acaba por ser uma recordação mais interessante. A propósito de papel, também tento reutilizar o mais possível os papelinhos das explosões de confetis e utilizo lâmpadas LED e de baixo consumo na iluminação dos meus espectáculos.” É caso para dizer que a magia também pode ser verde!