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PLANTA A PLANTA, PARA CRIAR UM MUNDO MELHOR
Planta a planta, para criar um mundo melhor
2017-04-20
Planta a planta, para criar um mundo melhor

Nunca iremos saber se é um daqueles mitos das avós ou se a ideia de que as plantas precisam que se fale com elas para crescerem fortes e saudáveis tem uma fundamentação científica. A verdade é que regar só não chega e, como em tudo na vida, se não houver especial dedicação e cuidado, não há planta nenhuma que se mantenha de pé muito tempo. No caso do Cantinho das Aromáticas, uma antiga quinta monástica com 10 hectares, convertida, em 2002, no primeiro viveiro em Portugal exclusivamente dedicado ao cultivo de plantas aromáticas, Luís Alves, mentor do projeto, prefere falar de amor. Isso mesmo, o sucesso das mais de 200 espécies do jardim produtivo tem a ver não só com a localização privilegiada da quinta, em Vila Nova de Gaia – considerado um dos solos mais férteis entre o Atlântico e o Mediterrâneo –, mas sobretudo com o amor com que é gerido o ecossistema envolvente.

 

O Cantinho das Aromáticas é o único projeto de agricultura biológica na Europa a produzir aromáticas, desde a semente até ao produto final, que depois é comercializado sob a forma de infusões, condimentos e tisanas. É, aliás, uma das prioridades da quinta manter a certificação do modo de produção biológico, sem recurso a químicos, que podem comprometer a quantidade de açúcar natural e óleos essenciais das plantas. Na prática, explica o mentor do projeto, é uma forma de garantir que ao consumidor chegam alimentos frescos que respeitam os ciclos naturais de crescimento, sem pressas. Num mundo ideal, Luís Alves defende a proximidade e relação direta entre quem produz e quem compra, uma vez que é essencial conhecer de perto não só as características, mas também a origem dos produtos que comemos. “Se todos fizermos a nossa parte, podemos mesmo chegar a um mundo melhor, em que os recursos naturais não se esgotam.”

 


Aromáticas para todos

 


Em 2007, cinco anos depois de o projeto ter arrancado, o Cantinho das Aromáticas começou a produzir e a exportar várias toneladas de plantas a granel, para responder à procura da indústria cosmética e farmacêutica biológica. Hoje, embora muita da produção continue a ir lá para fora, a quinta esmerou-se na criação de um espaço aberto ao público onde é possível participar no trabalho de campo (toda as quintas-feiras, entre as 10 e as 12 horas) ou apenas visitá-lo. No final está sempre garantida uma infusão para provar e um vaso para levar para casa. A cereja no topo do bolo é a loja, que funciona como uma espécie de montra dos produtos criados a partir das matérias-primas retiradas da terra. Para além das 30 espécies transformadas em infusões, tisanas e condimentos, há outras 180 espécies de viveiro para começar a construir o seu jardim. Depois, as grandes estrelas da companhia são as cervejas condimentadas, as conservas, as bolachas e alguns produtos de cosmética. Todos estão embalados em materiais reciclados e dispõem de um manual de instruções que indica o destino certo para cada um – sabia, por exemplo, que o tomilho Bela- -Luz é um ótimo substituto natural do sal? Ou que as bebidas frias feitas a partir de chás, infusões ou tisanas oxidam mais rapidamente se ficarem expostas ao ar?

 

No site do Cantinho das Aromáticas encontra ainda uma série de conselhos valiosos de preservação alimentar, técnicas de produção e cultivo e tratamento geral das plantas.

 

A quinta organiza visitas de estudo, workshops e cursos técnicos para futuros agricultores. Durante o ano, há um programa de voluntariado que pretende chamar gente dos quatro cantos do mundo para ajudar na apanha das plantas. Em 2016, o Cantinho das Aromáticas ganhou, pelo terceiro ano consecutivo, sete prémios no concurso internacional de produtos alimentares Great Taste Awards, mas a grande surpresa chegou na categoria de infusões e tisanas, à qual concorrem as mais prestigiadas empresas de chá do mundo, e na qual o Cantinho arrecadou o segundo lugar.
 

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