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METAIS (TAMBÉM) PRECIOSOS
Metais (também) preciosos
2015-12-04
Metais (também) preciosos

Batistas, S. A. 

 

Pioneiros da reciclagem de metais em Portugal, são, desde meados dos anos 90, uma empresa modelo no que diz respeito às preocupações ambientais. De navios a automóveis, embalagens e utensílios do dia a dia, de tudo um pouco é recebido e tratado nos estaleiros do Carregado.

 

Já lá vai mais de meio século. Ainda corriam os anos 60 quando o fundador da que é hoje a Batistas, S. A., António Batista, começou a trabalhar com os irmãos na recolha de pneus. Devido ao seu espírito empreendedor, depressa passou para o ramo das sucatas. Numa época em que as preocupações ambientais eram quase nulas (tal como a legislação nesta matéria), cedo começou a apostar em soluções tecnológicas de ponta, de modo a melhorar a produtividade da empresa, mas também revelando uma preocupação muito à frente do seu tempo, num legado que perdura até hoje, ao ponto de se ter tornado numa das suas bandeiras.

 

“Fomos os primeiros a ter uma fragmentadora de sucata em Portugal, logo em 1984. Atualmente temos três, sendo que a última foi adquirida há apenas três anos, para poder dar resposta às novas exigências técnicas e ambientais. Neste momento temos licença para desmantelar todo o tipo de resíduos não perigosos”, esclarece Isabel Batista, atual administradora e filha do fundador.

 

Depois da expropriação dos terrenos junto à Expo, onde sempre funcionou, mudou-se, em 1997, para novas instalações, construídas de raiz no Carregado, junto à A1, numa área com cerca de 100 mil metros quadrados. Foi aqui que a empresa ganhou nova vida nos anos seguintes e se tornou num modelo a seguir a nível nacional. Por exemplo, conta com uma área de seis hectares impermeabilizados, de modo a evitar a poluição do solo, numa obra de engenharia na altura pioneira em Portugal.

 

“Optámos, logo desde o início, por seguir todas as normas europeias relativas a esta atividade, e nos anos seguintes foi o nosso estaleiro que serviu de modelo para os outros”, esclarece Isabel Batista. “Fomos o primeiro operador de gestão de resíduos no país e dos primeiros a trabalhar com a Sociedade Ponto Verde, logo na viragem do século”, sublinha.

 

A esta unidade juntam-se ainda outras três, que dão emprego a um total de 120 funcionários especializados: uma no Prior Velho, em Lisboa, apenas para receção de veículos em fim de vida (VFV), outra em Cantanhede, onde é recebido muito do material tratado no Carregado, e ainda um estaleiro em Alhos Vedros, dedicado ao desmantelamento de grandes embarcações. Uma das principais atividades da empresa é o desmantelamento de VFV, tal como o tratamento de resíduos eletrónicos. “Temos capacidade para receber um total de 300 VFV diariamente. Por vezes aparecem-nos aqui automóveis com zero quilómetros que, devido a defeitos de fabrico, têm de ser abatidos”, comenta a filha do fundador. De resto, tudo um pouco passa por ali: carros e eletrodomésticos, maquinaria, restos de material ferroviário, peças resultantes de demolições de exteriores, objetos inusitados, como gaiolas ou machados, sem esquecer a imensidão de embalagens, que, depois de limpas e tratadas, são empilhadas em montanhas de enormes fardos.

 

Num armazém mais resguardado são guardados os restos de metais mais valiosos, como cobre, alumínio ou latão. “O mais importante é que não estejam contaminados”, sustenta a engenheira Ana Rodrigues, do Departamento de Ambiente e Segurança da empresa. A sucata ferrosa é separada da restante com um íman enorme e a não ferrosa vai para o crivo, sendo o processo de escolha feito de forma manual e mecânica. Quanto aos metais ferrosos, passam depois pela fragmentadora e pela tesoura, que corta as peças de grandes dimensões, “a parte mais valiosa”, antes de seguirem para a Siderurgia Nacional, onde serão de novo fundidas para voltarem ao mercado. Quanto aos resíduos não metálicos, seguem para um aterro ou para serem transformados em energia – porque aqui, como se vê, muito pouco é desperdiçado.

 

 

As várias fases do metal

Já nos estaleiros, os resíduos metálicos passam por três etapas distintas:

Descontaminação | Quando chegam à empresa, os diversos materiais são sujeitos a um processo de descontaminação para retirar todas as partes não metálicas;

Desfragmentação e corte | Os materiais são depois submetidos a um processo de fragmentação e corte nas três fragmentadoras da empresa. As peças de maior dimensão são antes cortadas por uma enorme tesoura;

Triagem | Um processo de triagem mecânica separa os metais ferrosos e não ferrosos dos restantes resíduos, ao qual se segue uma triagem manual, para assegurar um maior grau de eficácia na separação dos materiais, e despoeiramento.

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