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DE VOLTA À CASA DE PARTIDA
De volta à casa de partida
2011-03-01
De volta à casa de partida

Se a reciclagem fosse o jogo da glória, volta e meia o vidro estaria na casa de partida.

Porque não se degrada ao longo do processo, este material pode ser reciclado vezes sem conta.

Só vantagens: menos consumo de matérias-primas e menor pegada ambiental.

 

O frasco da maionese pode ter sido, há uns meses, uma garrafa de champanhe. E, quem sabe, quando for para o ecoponto o boião de compota não se transformará num garrafão? Por definição reciclagem significa dar nova vida a resíduos, mas no caso das embalagens de vidro é um processo perfeito que encerra um círculo virtuoso no qual todos ganham: consumidores e planeta.

Este material não se degrada ao longo das várias fases da reciclagem, mantendo características e níveis de eficiência. “É um círculo fechado”, diz Beatriz Freitas, técnica da Cerv – Associação de Reciclagem de Resíduos de Embalagens de Vidro, entidade licenciada para promover a retoma, processamento e reciclagem destes resíduos. Através da Interfileiras, associação sem fins lucrativos que representa as empresas de produção de embalagens e de materiais de embalagem, a Cerv é accionista da Sociedade Ponto Verde (SPV). E, assim, embalagens de vidro dão origem a… embalagens de vidro. Redundante, mas eficaz.

 

Nascer e renascer

 

O processo de transformação do vidro começa após o tilintar do material quando é colocado no ecoponto. As embalagens são recolhidas pelos sistemas multimunicipais e intermunicipais em todo o país, reunidas num depósito cimentado para que não haja risco de contaminação. Depois inicia-se a fase de tratamento em estações apropriadas. A primeira etapa consiste na separação, manual e magnética, dos contaminantes – rótulos, caricas, tampas, etc. Segue-se a trituração, com a redução do tamanho dos pedaços de vidro, e nova fase de triagem, magnética ou a laser. O casco – assim se chama aos cacos de vidro –, já se encontra tratado, mas antes de ir para o forno é alvo de controlo de qualidade. Para que o processo decorra com sucesso é imprescindível garantir que, aquando da fusão, não existam pedaços de contaminantes, mesmo que mínimos. “Tipos de vidro diferentes alteram a sua composição original”, explica Beatriz Freitas. Por exemplo, o ponto de fusão do vidro e da cerâmica atinge-se a temperaturas distintas, mais baixas no caso do vidro. Se estiver misturado com contaminantes a qualidade final do material fica comprometida.

Para evitar que tal suceda a triagem é vital, mas também a atitude de quem recicla. Por exemplo, nos ecopontos verdes não se pode depositar loiças de cerâmica nem copos – são materiais em vidro, sim, mas a composição não é idêntica à das embalagens. O mesmo acontece com frascos de perfume, objectos em cristal e lâmpadas, estas com o agravante de conterem substâncias perigosas como mercúrio. A contaminação aquando do processo de fusão torna o vidro reciclado menos resistente. É ainda preciso atentar na coloração dos resíduos – o vidro está disponível em verde, castanho e transparente. A tonalidade verde resulta da mistura de todas as cores, mas para que o vidro se mantenha transparente não pode se cruzado com os outros tipos.

 

Dois em um

 

Uma tonelada de vidro necessita de 1,2 toneladas de matéria-prima, enquanto uma tonelada de vidro gera uma tonelada de vidro reciclado. E com menores gastos energéticos. Os ganhos são evidentes.

O sistema de recolha de embalagens de vidro em Portugal existe desde a década de 80 do século passado – os resíduos eram recolhidos pelos fabricantes de vidro através dos vidrões. Hoje a retoma das embalagens de vidro, à semelhança do que sucede com as de outros materiais, é centralizada na SPV, após recolha pelos sistemas municipais e intermunicipais. Depois a entidade gestora coloca-as a concurso. É enquanto consórcio que a Cerv, no âmbito do licenciamento da SPV, se candidata e distribui pelos associados as quantidades de vidro a reciclar. “Temos como associados os cinco fabricantes de vidro, que são as entidades que podem fazer a sua reciclagem”, afirma a responsável da Cerv. Em suma, “o fabricante é o reciclador” – mais um circuito que se fecha.

A seguir ao papel/cartão, o vidro é o material de embalagem mais reciclado em Portugal – no ano passado foram retomadas 181.127 toneladas, mais 6% do que em 2009. Valores positivos, mas que devem ser reforçados – até 2011 é preciso reciclarem 60% das embalagens de vidro colocadas no mercado. Recicle e faça parte deste círculo virtuoso.   

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