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REINVENTAR TRADIÇÕES
Reinventar Tradições
2014-05-30
Reinventar Tradições

Os antigos sacos de tecido usados para ir buscar o pão à padaria saíram do baú e andam a inspirar os portugueses para a consciência ambiental. 
O projecto chama-se Saco Pa-pão e mostra que pequenas ideias podem fazer muita diferença.  

Começamos por convidar o leitor para uma pequena lição matemática: se durante um ano for à padaria 200 vezes e por cada vez disser a poderosa frase “não preciso de saco porque trouxe o meu”, serão menos 200 sacos de plástico a serem utilizados. Agora imagine se um milhão de pessoas replicarem a sua ideia. Foi este pensamento que levou André da Silva, de 34 anos, formado em Microbiologia e apaixonado pela Natureza, a reintroduzir uma tradição antiga no seu estilo de vida: foi ao baú e deu novamente uso ao saco de tecido do tempo da avó para ir à padaria. “Eu sempre procurei produtos biológicos e tento ter hábitos sustentáveis, como andar de bicicleta e de transportes públicos. Usar o saco de pano em vez do plástico foi uma das atitudes que tive para reduzir a minha pegada ecológica”, afirma André. O feedback das pessoas foi tão engraçado que o jovem do Porto decidiu “levar a tradição para o sítio mais óbvio” e colocar à venda nas padarias os sacos para o pão. Primeiro procurou uma empresa portuguesa que produzisse os sacos “da maneira mais sustentável possível”. Encontrou a Naturapura, e com as sobras dos seus tecidos, de algodão 100% biológico, sem tintas e ainda com o rótulo ecológico europeu, o projecto começou a ganhar forma. Depois, com a ajuda do amigo Paulo Coelho de Castro, descobriu o nome perfeito: Saco Pa-pão. “Achámos que era um nome simples, apelativo e até chamaria a atenção às crianças, por brincarmos com a ideia do bicho papão», diz André, recordando a importância das crianças para a preservação do ambiente no futuro. Só faltava colocar à venda, e as honras foram feitas pela padaria Mixpão, em Matosinhos, há cerca de um ano. Hoje, os Sacos Pa-pão já se encontram em mais de uma dezena de padarias do Porto, Lisboa, Gaia, Viseu, Valongo e Figueira da Foz, mas também podem ser encomendados online (através do site e do Facebook).

Agora, com a crescente adesão ao projecto, André está a pensar espalhar a reinvenção pelo mundo fora. “Estou a estudar o nome. Terei de pensar num nome específico para cada país ou então criar uma designação internacional. Não quero produzir em grande escala, mas nas principais capitais da Europa não há nada idêntico. Por isso, se aqui em Portugal tem boa receptividade, pode ser que em Roma, Berlim, Paris ou Londres também encontre três ou quatro sítios onde também tenha”, conta.

 

14 padarias onde pode encontrar o saco pa-pão: Porto, Lisboa, Gaia, Viseu, Valongo e Figueira da Foz ou encomendados através do site ou do Facebook.

 

Sacos duradouros

Os sacos em tecido podem ser usados durante décadas, ao contrário dos sacos de plástico, que, após uma ou duas utilizações, são reutilizados como sacos para o lixo ou, no pior dos destinos, contribuem para a poluição.

 

Sem estampagens ou corantes: Os sacos são feitos de algodão biológico nas cores naturais: verde, branco ou castanho.

 

Encomendas para o mundo: André já enviou Sacos Pa-pão para Macau, Austrália, Inglaterra e Brasil. Principalmente para portugueses que querem usar ou oferecer a alguém.

 

Pensar no futuro: A escolha do nome Saco Pa-Pão levou em linha de conta a importância de passar uma mensagem de preservação às crianças. “Achámos que era um nome simples, apelativo e até permitiria brincar com a ideia de bicho papão”.

 

O zão e o zinho: Existe o tamanho grande (€8,50) e outro mais pequeno (€6,90) e os padrões são todos diferentes: lisos ou com riscas grossas ou finas.

 

André da Silva dedica a maior parte do seu tempo a projectos que beneficiam o meio ambiente. Nas horas vagas é ainda instrutor de ioga, dá workshops sobre ambiente e faz voluntariado.

 

CUIDAR DO AMBIENTE COM CRIATIVIDADE

Tocar numa banda que utiliza instumentos feitos de lixo é outra das apostas de André.

 

Para além do Saco Pa-pão, André dedica-se a outros projectos, que lhe ocupam quase todo o tempo.

Os Be-Dom são uma banda de percussão com instrumentos feitos de lixo que começou há mais de uma década e já é reconhecida internacionalmente.

Para André, a banda é a forma que ele e os colegas encontraram para “espalhar o conceito de sustentabilidade e mostrar que com criatividade se pode reutilizar”. Há três meses, André deu asas a outra ideia: Bio em Casa. “Levo produtos biológicos a casa das pessoas (na zona do Porto), principalmente hortícolas, frutícolas e também o Saco Pa-pão.”

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