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CIDADES PARA VIVER. E BEM.
Cidades para viver. E bem.
2013-05-24
Cidades para viver. E bem.

Em 2050 o planeta será habitado por 9 mil milhões de pessoas, dos quais, estima-se, 75% viverão em cidades. Não é preciso ser especialista para perceber que a forma como vivemos terá de mudar. Os recursos são finitos e cada vez mais escassos. Solução? Arquitectura sustentável. “Não há alternativa, é o único caminho a seguir”, afirma, peremptório, o jovem arquitecto Ricardo Barbosa Vicente, do ateliê Oto, responsável, entre outros, pela sede do Parque Natural da Ilha do Fogo, em Cabo Verde, estrutura sustentável e eficiente, em fase final de construção. “Sabemos o que queremos das cidades, dos espaços públicos: queremos aproveitar as águas das chuvas para a rega, casas frescas e protegidas no Verão, que aproveitem o calor no Inverno, … Agora temos que pôr isso em prática”, sublinha.

 

Da Velha Europa ao gigante chinês, há um sem fim de projectos em curso, planos para cidades mais verdes, com construções auto-suficientes em termos energéticos, baixos níveis de poluição, rede de transportes ecológicos e eficientes, entre outros. Em Oslo, na Noruega, dois edifícios de escritórios estão a ser adaptados de maneira a não gastarem electricidade. Pelo contrário: devem antes produzir energia de origem solar e geotérmica, e em excesso. Para a mega cidade de Shenzhen, na China, a empresa francesa Vincent Callebaut Architects projectou seis eco torres com zonas de escritórios, habitação, hortas e lojas. Além da energia renovável, apostarão ainda na agricultura sustentável e na recuperação das águas pluviais. E em Curitiba, cidade brasileira apontada como exemplo mundial quanto ao respeito pelo ambiente, os telhados verdes podem vir a tornar-se obrigatórios nos novos empreendimentos residenciais ou de escritórios.  

 

Todos os anos o Green Dot Awards recebe, em média, 200 a 300 candidaturas. De reputação internacional, este prémio foi criado “para aumentar a consciência para as causas verdes, com intenção de reconhecer produtos e serviços excepcionais, construídos e entregues de forma ambientalmente amiga”, apresenta o fundador Hossein Farmani. A portuguesa Casa Godiva, em Cascais, desenhada pela Empty Space Arquitectura, recebeu, na edição passada, uma menção honrosa.

 

Felizmente, não faltam soluções arquitectónicas em nome de um mundo melhor. Como refere o estudo It’s Alive, elaborado pelo think-tank Foresight+Innovation da Arup, empresa britânica de designers, engenheiros, consultores e técnicos especializados, “na era ecológica os edifícios não criam simplesmente espaços, esculpem ambientes. Ao produzirem comida e energia, e fornecerem ar puro e água, os edifícios evoluem de conchas passivas para organismos adaptativos e responsáveis – estruturas vivas que suportam as cidades de amanhã”.

 

Songdo International Business District – Incheon, Coreia do Sul

 

Ao largo do Mar Amarelo, em Incheon, o Songdo International Business District, com 600 hectares, acolherá, quando estiver concluído, em 2017, 65 mil moradores e 300 mil pessoas que por ali passarão diariamente. De momento, 50% da estrutura planeada está edificada, seguindo cuidados ecológicos como eficiência energética, rede de transportes públicos, incluindo autocarros com zero emissões de CO2 movidos a hidrogénio, telhados verdes, 25 quilómetros de ciclovias, ... Aliás, trata-se de um dos projectos mais verdes de toda a Ásia, que pretende estabelecer-se como líder mundial na certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), concedida pela ONG norte-americana U.S. Green Building Council. Um amplo parque central, inspirado no Central Park, em Nova Iorque, com espécies autóctones, é uma das principais atracções.

 

Vastra Hamnen – Malmo, Suécia

Por ocasião da exposição internacional sobre sustentabilidade “Bo01City of Tomorrow”, o velho porto industrial de Malmo transformou-se numa área urbana ecológica, com residências, escritórios e lojas. Vastra Hamnen assenta em habitações de qualidade, variedade arquitectónica e espaços verdes, respeitando princípios de sustentabilidade. Eficiência energética, uso de materiais renováveis e não poluentes, ciclovias e espaços ao ar livre caracterizam esta zona da cidade. Mais: recorre a um aquífero termal que funciona como sistema de armazenamento de energia, bombeando água, com recurso a energia eólica, para arrefecer as habitações no Verão e aquecê-las no Inverno.

Em nome da diversidade, Vastra Hamnem é formado por casas de diferentes tipologias comercializadas a diferentes valores, fomentando assim a presença de famílias mais ou menos numerosas, solteiros, casais sem filhos, etc. E apresenta-se como o primeiro bairro europeu neutro em emissões de carbono.  

 

Masdar, Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos

Na terra do petróleo vai nascer uma cidade que pretende ser uma montra de como é possível viver sem… petróleo. As últimas soluções tecnológicas aliam-se aos princípios de construção árabe, dando forma a uma comunidade que pretende ser neutra em termos de emissões de carbono e produzir zero desperdício. Sem veículos movidos a combustíveis fósseis, assegura uma distância máxima de 200 metros até à ligação mais próxima de transporte, e convida a andar a pé, com ruas agradáveis, protegidas das condições climatéricas extremas. Nos arredores da cidade encontram-se campos de produção de energia eólica e solar, que tornam Masdar auto-suficiente.

 

Bed ZED – Londres, Reino Unido

No subúrbio londrino de Wallington ergue-se o Baddington Zero Energy Development (BedZED), complexo residencial e de escritórios amigo do ambiente. Alimentado apenas por energia renovável produzida no local, o complexo inclui painéis solares e aquecimento por biomassa combinado com central eléctrica, além de tratamento e reutilização da água da chuva e ventilação natural através do vento. As casas estão viradas a sul, para beneficiarem da exposição solar, têm vidros triplos e são super-isoladas. Privilegiaram-se os materiais reciclados e renováveis, provenientes da região (no máximo a uma distância de 55 quilómetros, para reduzir o impacto do transporte). Há ainda abastecimento para carros eléctricos e os habitantes são incentivados a usar o sistema de carpool.

 

Arkadien Winnenden, Alemanha  

Antiga zona industrial, na sombra da cidade de Stuttgart, Arkadien Winnenden é hoje um dos bairros mais sustentáveis do mundo. Graças a uma visão holística, foi desenhada para oferecer às famílias casas a valores acessíveis, sustentáveis e saudáveis. Na construção das habitações privilegiaram-se os materiais locais, não tóxicos e amigos do ambiente. Todas as casas têm elevados níveis de eficiência energética e a água das chuvas é recolhida num lago e limpa através de um processo natural com plantas, antes de ser encaminhada para uma enseada nas imediações. No exterior, granito alemão reciclado entrecruza-se, com bom gosto, a pavimento em concreto e asfalto, proporcionando boa impermeabilização. Nos espaços verdes, a vegetação autóctone convida os pássaros e as abelhas a também habitarem o bairro. A urbanização é perfeita para passeios a pé e pauta por um ambiente que fomenta a boa vizinhança.   

 

Logroño Montecorvo Ecocity, Logroño, Espanha

A construção ainda não foi iniciada, mas o projecto está bem definido e já foi premiado. Desenvolvida pelos holandeses MVRDV e pelos espanhóis GRAS, a extensão da área urbana de Logroño, na região vinícola da La Roja, será auto-suficiente. O projecto prevê a construção de cerca de 3.000 habitações e estruturas complementares (escolas, edifícios sociais e zonas desportivas), edificadas de forma sustentável. Com recurso a células fotovoltaicas e turbinas de vento instaladas nas montanhas que envolvem a zona, Montecorvo e Fonsalada, toda a energia necessária será produzida no local. E apenas 10% da área total (56 hectares) será ocupada por edifícios. 

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