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UMA ECOLOGISTA NA CIDADE
Uma ecologista na cidade
2017-04-20
Uma ecologista na cidade

Écom o sorriso aberto que deixa a sua marca. Comunicadora nata, a rádio foi um dos seus primeiros amores, mas a ela juntaram-se outros. Foi diretora executiva da Fundação do Gil durante nove anos e é agora a nova diretora de Inovação Social da Fundação EDP.

 

A sua missão passa nesta nova fase por reforçar o empreendedorismo social. A sustentabilidade é, assim, parte fundamental de todo o percurso pessoal e profissional de Margarida Pinto Correia, que garante: “Faz parte do suporte básico de vida para o nosso planeta, curto e finito. É uma questão de mentalidades, de sobrevivência e, a curto prazo, é também uma questão de qualidade de vida!”

 

Foi desde os tempos de jornalista que ficou mais alerta para as questões ambientais. Um dia, em reportagem na Antártida, testemunhou ao vivo como o impacto das nossas ações se revela até nos espaços mais longínquos. “No mundo da informação temos acesso a histórias de uma realidade gritante, e à medida que o tempo passa também isso nos dá a perspetiva dos jogos políticos e económicos que moldam as tendências de alerta ou de contenção, de silêncio ou de euforia”, diz. Neste processo, recorda como tudo “é por vezes angustiante, outras é entusiasmante, porque percebemos que podemos de facto pôr o dedo na ferida e mudar a consciência e a ação”.

 

Já alertada para esta problemática, Margarida Pinto Correia apresentou diariamente, na RTP, o programa Ponto Verde, sobre ambiente e reciclagem, promovido pela Sociedade Ponto Verde. A este projeto seguiu-se o Jornal Verde, um magazine informativo que todas as semanas dava aos espectadores notícias da atualidade em matéria de reciclagem. Cada Ponto Verde apresentava duas reportagens diferentes, notícias, entrevistas. Aos domingos era transmitido um compacto de 25 minutos com os melhores momentos da semana, que contava com a participação de um convidado, que revelava as suas ideias, pontos de vista e hábitos diários quanto aos temas de ambiente e reciclagem abordados nas reportagens. “Foi um tempo de oportunidade, de pôr temas na agenda que estavam ainda muito ténues na vida familiar, de desbravar testemunhos e novas hipóteses comportamentais”, recorda, uma década depois desta aposta.

 

Desde criança mantém uma forte ligação ao mar e um dos seus refúgios é a Praia da Adraga, em Sintra, em contacto direto com a Natureza, onde vai para respirar fundo e repor energias. Em Lisboa, na sua vida diária, Margarida Pinto Correia tem alguns hábitos em prol de um futuro mais sustentável. “Os possíveis na cidade: separação de materiais para reciclar, poupança de água e de combustíveis fósseis, partilha de conhecimento, alimentação local e assunção de cabazes biológicos para promoção do hábito e das relações produtor/ consumidor”, tudo isto em sua casa. Já em moldes profissionais tenta deixar também o seu cunho, ao incutir regras mais macro em todos os protocolos de colaboração com parceiros da Fundação EDP.

 

Numa casa com preocupações ambientais, seria de esperar que os seus dois filhos, Nuno e José, também estivessem alerta para o cuidado com o ambiente. E assim é: “Esta é uma geração para a qual já é natural esta atitude, felizmente! Têm deslizes como todos os adolescentes, mas escandalizam-se com as opções macro e têm perfeita noção das decisões políticas e de como estas impactam num futuro próximo.” Unir o contacto com a Natureza em atividades de família? Claro! Já fez um passeio de jipe com os filhos até Marrocos; foi com Nuno uma semana para a Escócia viver e trabalhar em comunidade; limparam as praias na zona de Sines e Melides, e fazem caminhadas.

 

Faz o que pode, mas tem noção de que proteger o nosso planeta é um trabalho árduo e contínuo. Acredita que para continuar a alertar para esta problemática há que manter o ritmo, incluindo o tópico em todas as abordagens e em todas as temáticas. Tudo passa por “educar para a sustentabilidade como se educa para a saúde ou para a cidadania. Dar mais ferramentas aos professores e tornar o assunto parte de ficção popular, acessível aos pais. Exigir atitude política concreta, posicionamento claro e colher dividendos, medindo o impacto de cada decisão e partilhando com a população”.

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