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OS REIS DO PAPELÃO
Os reis do papelão
2016-05-12
Os reis do papelão


É todo um mundo feito de papel o que se abre aos olhos de quem entra pela primeira vez nas instalações da Francisco Marques Rodrigues, S. A., em Camarate, nos arredores de Lisboa. Fundada há mais de 50 anos por Francisco Marques Rodrigues, a empresa foi uma das pioneiras em Portugal na área da reciclagem de papel, sendo hoje uma das maiores e mais importantes a nível nacional, com um volume de negócios de cerca de 6,5 milhões de euros só no ano passado. “Ao contrário do que se possa pensar, o negócio da reciclagem é uma atividade muito antiga, embora na altura fosse feita de outra forma, mais rudimentar e sem as preocupações ecológicas de hoje em dia. No início desta empresa, até os ossos dos animais eram reutilizados, para se fazerem cabos de facas”, recorda Francisco Dias, genro do fundador e atual responsável da empresa no terreno. “Fazemos todos um pouco de tudo aqui dentro, porque, apesar da nossa dimensão, continuamos a ser uma empresa familiar”, afirma este responsável, que tem atualmente como braços-direitos o filho Ricardo e o sobrinho Diogo.

 

Criada em 1961, a empresa começou por funcionar em Sacavém, mudando-se há 20 anos para as atuais instalações, em Camarate, onde beneficiou de uma localização mais central, bem como de uma maior área para armazenamento de stocks. Nesses tempos iniciais o trabalho era quase todo feito à mão, ao contrário de hoje, em que a maioria do processo de triagem dos diferentes resíduos é executada através de meios automáticos, com recurso a tecnologia bastante avançada.

 

O centro de recolha de Camarate é constituído, desde 2007, por tapetes de alimentação, pisos móveis, destroçadores com recurso a leitura ótica e separadores balísticos, que separam o papel de acordo com a cor e o volume, num cenário de quase ficção científica, “enfeitado” por montanhas de fardos de papel das mais variadas tonalidades e texturas. Mesmo assim, embora com toda esta tecnologia de ponta, a triagem manual continua a ter um papel muito importante em todo o processo, como sublinha Ricardo Dias: “Para além de possibilitar uma correta separação entre os diferentes tipos de materiais, a seleção manual assegura também que os nossos fardos têm uma baixa ou nula quantidade de contaminantes.” E são muitos os que se acham por ali, de tesouras a vassouras e de molduras a guarda-chuvas. “Infelizmente, e apesar dos enormes avanços na sensibilização das pessoas para a necessidade de reciclar, ainda há muita gente que continua a confundir o ecoponto com um caixote do lixo normal”, desabafa Ricardo.

 

Em 2002 foi aberto mais um centro de recolha, triagem e armazenamento em São Paio de Oleiros, no concelho de Santa Maria da Feira. No conjunto das duas unidades, passam pela empresa mais de 100 mil toneladas de papel, para além de outros resíduos, como plásticos e metais. O processo começa pela pesagem dos camiões numa báscula situada no exterior do armazém. Os resíduos são entregues nas instalações ou recolhidos pelas próprias viaturas da empresa e só depois é efetuada a triagem, de acordo com as características dos diferentes materiais, posteriormente reencaminhados para a reciclagem. Depois de separada a mercadoria, os fardos são organizados de acordo com as encomendas de cada cliente. 

 

Outra atividade é a destruição e trituração de informação confidencial oriunda de bancos, de seguradoras ou dos mais diversos serviços e empresas, após a qual é efetuado um “auto de abate”, que garante toda a segurança do processo. 

“Mais de 80% da nossa produção é para exportação, porque o mercado nacional não consegue absorver todo este papel”, esclarece Ricardo, desvendando que o mais valioso é o chamado “papel de arquivo”, o branco, oriundo dos escritórios, depois transformado, por exemplo, em papel higiénico. Ou ainda a denominada “mescla”, composta por papel de jornais e revistas, quase toda exportada para Espanha, onde voltará a ser utilizada nos mais variados tipos de publicações. “Trabalhamos todos os dias das 8 às 19 horas, mas em breve vamos ter de aumentar o número de turnos para dar resposta à procura”, salienta o responsável.

 


Triagem

 

A triagem dos diferentes resíduos é executada através de um processo manual e automático, com recurso a tecnologia avançada. Isto possibilita uma correta separação dos diferentes tipos de materiais, assegurando também que os fardos tenham uma baixa ou nula quantidade de contaminantes.

 


Enfardamento

 

O processo de enfardamento tem como objetivo gerar os fardos do material previamente triado. Durante este processo, é, mais uma vez, assegurada a qualidade da mercadoria, sendo efetuada uma última triagem junto do tapete de enfardamento.

 


Transporte


Na última etapa do ciclo, a mercadoria é armazenada em local apropriado, de forma a facilitar a expedição. O transporte até ao destino final é assegurado pelas viaturas da empresa ou por viaturas enviadas pelos clientes. Em certos casos especiais, o transporte é feito em contentores ou de comboio.
 

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