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CRESCER NO MEIO DA FLORESTA
Crescer no meio da floresta
2015-10-22
Crescer no meio da floresta

Regresso às aulas

 

Um verdadeiro oásis no meio da cidade, a escola Casa da Floresta – Verdes Anos nasceu há 11 anos com uma forte componente ecológica e de sustentabilidade, que mantém até hoje. 

Para formar adultos mais conscientes no futuro.

 

O cenário faz parte do imaginário de todas as crianças: uma casa no meio da floresta, trepar às árvores, andar descalço, escavar a terra, brincar com paus, descobrir a Natureza. Parece idílico e impossível de realizar, mas para cerca de 100 crianças de Lisboa este é o seu dia a dia na escola Casa da Floresta – Verdes Anos. Às portas de Lisboa, em pleno Monsanto, o “pulmão da cidade”, esta é, sem dúvida, uma escola especial, que nasceu em 2004, “da vontade de várias famílias que não encontravam um conceito de educação ideal para os seus filhos”, explica a diretora, Rita Dacosta.

 

“Procurávamos uma educação onde a criança pudesse ser vista na sua individualidade e na qual os educadores e professores soubessem adaptar os currículos a cada criança dentro do grupo. Isto é de uma dificuldade extrema, porque exige formação constante e capacidade de se ligarem a cada criança. E que cada sala não tenha mais de 15 a 19 crianças”, refere a responsável pelo projeto, sublinhando que a escola segue os métodos da pedagogia Waldorf.

 

Com setembro já à espreita, na escola Verdes Anos o regresso às aulas é vivido de forma diferente. Para começar, nesta escola não há manuais escolares. Há, sim, cadernos onde os alunos copiam a matéria escrita pelo professor no quadro de ardósia ao longo do ano letivo. “No final, cada um tem o seu próprio manual escolar individualizado. Foi ele que o fez, que o construiu”, diz Rita Dacosta. Outras diferenças passam pelos materiais usados nas salas de aulas. Um pormenor salta à vista: as mesas e cadeiras são de madeira, um material “vivo”. “Tentamos que nada seja artificial.”

 

Quando a horta faz parte do currículo escolar

 

Da mesma forma, em toda a escola são usados materiais orgânicos e recicláveis, como blocos e lápis de cera de abelha, cera para modular, aguarelas, barro, madeira, massa de pão, lã e outras fibras naturais. Integrar as crianças na separação do lixo, fazendo com que experimentem de forma efetiva o conceito mais amplo da reciclagem, baseado na ideia de que o “lixo” também pode dar frutos, é um dos princípios da escola.

 

Nas hortas, professores e alunos plantam e colhem os legumes à medida das estações do ano e do que a escola mais consome, como brócolos, abóboras, tomates, favas, ervilhas. “Semeiam o que comem. E assim têm mais noção e consciência da Natureza. São crianças genuinamente ecológicas. No futuro, serão cidadãos ativos na procura de um mundo melhor. Aqui lançamos a semente”, diz Rita Dacosta, garantindo: “Mais do que uma simples escola, há uma visão diferente do ser humano.”

 

Em nome da defesa do ambiente, a alimentação na escola é 100% biológica e também ovolactovegetariana, com verdadeiras delícias gastronómicas a saírem diariamente da cozinha da Tia Inês. “Evitamos a utilização de açúcares refinados e alimentos processados, fazemos o pão, as bolachas, as compotas e os sumos na escola”, garante.

 

Para o ano letivo de 2015/2016 a grande novidade é o alargamento da escola ao 2.º ciclo do ensino básico (5.º e 6.º anos). Com esta evolução, a escola ocupa já um conjunto de quatro casas anexas ao Palácio Marquês de Fronteira e conta com o apoio da Fundação Casas de Fronteira e Alorna. Ao todo, são três salas de ensino básico, duas salas de jardim de infância (3-6 anos) e duas salas de creche (1-3 anos). Da lista de atividades curriculares fazem parte a horta, música, capoeira, costura, inglês, carpintaria, entre outras.

 

Quanto à localização, em pleno Monsanto, a diretora diz que faz todo o sentido a escola estar integrada na floresta (onde fazem caminhadas diárias), para que a vivência ecológica não seja algo exterior ao ser humano. “É terapêutico vivenciar a Natureza em pleno. E para as crianças ainda mais. Aqui são extremamente felizes ”, conta. Da mesma forma, a motricidade é desenvolvida através de obstáculos reais, como paus, pedras e árvores, para que possam “aprender com o corpo, com o fazer, com o experimentar”. Tudo em nome de uma infância “à moda antiga”. 

 

Proposta ambiental da Casa Verdes Anos

 

A escola baseia-se numa visão holística da criança, baseada na educação ambiental:

• Alimentação vegetariana biológica;

• Separação de lixos, para os reduzir ao mínimo, através da reciclagem de todos os materiais e ainda através da compostagem para a horta, feita com os resíduos orgânicos;

• Utilização de produtos de limpeza biodegradáveis, uso de tintas de parede não tóxicas e cera de abelha para manutenção do mobiliário das salas;

• Utilização de lâmpadas economizadoras;

• Escolha de tecidos naturais biológicos e utilização de mobiliário em madeira;

• Uso de materiais pedagógicos recicláveis, reciclados, orgânicos e não tóxicos;

• Uso privilegiado de medicamentos naturais e homeopáticos. 

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