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ECO COMUNICADORA
Eco Comunicadora
2013-08-20
Eco Comunicadora

Para Cláudia Semedo não houve um clique nem uma revelação: desde que se conhece que tem comportamentos amigos do ambiente, praticados sem esforço e perfeitamente integrados nas rotinas do dia-a-dia. Mas uma experiência tão marcante como a maternidade não podia passar ao lado destes cuidados. “Claro que com o nascimento da minha filha surgem novos hábitos, rotinas e formas de poupar e aproveitar os recursos que temos”, afirma. Exemplos? Em vez de deitar fora a água do banho da bebé, Cláudia utiliza-a para a descarga da sanita. “É um dos hábitos mais recentes que adquiri”. Ela está sempre disposta a integrar eco soluções no seu dia-a-dia. Pequenos gestos que, no final de contas, surtem grandes efeitos. “Acho que as coisas só se tornam grandes pela soma das partes. O único mundo que podemos mudar é o nosso e através da nossa mudança e dos nossos hábitos”, sublinha. Por isso retirou lições de programas televisivos que apresentou relacionados com esta temática, exibidos na RTP2: Desafio Verde e 5 Dias, 5 Causas. “Havia coisas que não me passava pela cabeça que podiam ter o impacto que têm”, reconhece. Como os sacos de plástico, que deixou de usar quando vai às compras. Mas há muito que a actriz e apresentadora zela pelo planeta. “A reciclagem é um hábito muito antigo, sempre tive o cuidado de ter lâmpadas economizadoras em casa e redutores de caudal nas torneiras, e cheguei a ter uma garrafa de litro e meio cheia de areia dentro do autoclismo porque não necessitamos de tanta água para as descargas”, enumera. “Eu sou a chata que anda atrás de toda a gente a apagar as luzes, os aparelhos”, admite. Cuidados que se traduzem em poupança de recursos ambientais, mas também económicos. “Porque desligar as luzes significa também parar o contador. E quem diz a luz, diz a água. Era bom que as pessoas tivessem essa consciência”, alerta.

Também na hora das refeições Cláudia Semedo segue princípios ambientais. “Muitas vezes vou com o meu marido à Costa da Caparica ao encontro dos pescadores para termos peixe acabado de apanhar. As pessoas só pensam nas embalagens, que é o mais visível, mas há a questão dos transportes que os produtos precisam para chegarem aos supermercados e a nossa casa”, alerta. As hortaliças e frutas são biológicas, encomendadas todas as semanas a um primo que tem uma horta e criou um projecto de entrega de cabazes ao domicílio. Em casa da actriz consome-se o que a naturezadá, na altura certa. “Esperamos para comer os morangos, as nêsperas… Sinto que a velocidade dos tempos obrigou-nos a uma grande mudança da nossa percepção do próprio tempo e da nossa disponibilidade; queremos tudo para ontem. Ao deixarmos de saber esperar, também deixámos de saborear a surpresa, a saudade, o regresso das coisas”. Com o consumo ao ritmo das estações, a actriz recupera esse prazer. “Quando chegam as primeiras cerejas no cabaz fico feliz. Gosto desses tempos e de saborear esses tempos. Espero conseguir passar isso à minha filha”.

Três cores, um ecoponto

Amarelo, verde e azul dão cor aos cestos colocados no bar do Teatro Municipal Amélia Rey Colaço, prontos a serem usados por actores e espectadores num espaço de cultura que não dispensaa separação dos resíduos domésticos. Por razões inerentes à actividade, ali o papel é o material mais separado, diz a actriz.

 

Nos bastidores

Em palco, a luz é um elemento essencial que acompanha (e enfatiza) a intensidade das cenas. Também nos bastidores é importante. Contudo, pode (e deve) ser feito um uso racional da iluminação. Por isso, nos camarins do Teatro Municipal Amélia Rey Colaço, em Algés, onde Cláudia participou na peça Em Cima das Árvores, optou-se por lâmpadas economizadoras, acesas apenas durante o tempo necessário.

 

Dois em um

Cláudia passou a andar sempre com um saco reutilizável na mala para evitar o gasto desnecessário de sacos de plástico. Enquanto representava a peça Em Cima das Árvores, aproveitava a deslocação para o teatro para, num momento de pausa, fazer as compras para casa num supermercado ali próximo. Maximização do tempo e das deslocações. E menor pegada ambiental.

 

Do elenco para quem precisa

As roupas usadas em cena pelos elementos da Companhia de Actores ganham nova vida depois das peças de teatro terminarem. “Não fazia sentido acumular roupa no armazém”, diz Cláudia Semedo. Assim, são separadas e doadas, no âmbito do projecto de responsabilidade social da Companhia, Ampliarte. “Trabalhamos nos bairros dos Navegantes e da Outurela [Oeiras] com os miúdos para encontrarem uma ampliação através das artes, formas de pensar e de ver a vida através do contacto artístico, neste caso o teatro”.

 

Vontade de fazer

Cara bem conhecida dos espectadores, Cláudia Semedo nasceu em Oeiras, em 1983. Actriz, participou em várias séries televisivas – mais recentemente Maternidade exibida na RTP –, e em filmes como O Crime do Padre Amaro. Cláudia é também o rosto de vários programas de televisão, em especial Nós, em exibição na RTP 2, dedicado às “problemáticas da imigração, a perspectiva que um estrangeiro pode ter de Portugal e aquilo que Portugal tem para lhe oferecer”, resume. É entre estas três áreas que se sente realizada. “Dá-me prazer a possibilidade de fazer de tudo. O que gosto verdadeiramente é de representar e comunicar. E, para mim, a representação é uma forma de comunicação”, diz. “Só me sinto completa com esta azáfama profissional, a possibilidade de um dia estar a gravar um programa e a entrevistar pessoas, conhecer novas ideias, novas vidas, e estar em palco a criar personagens e a viver outras situações”. Registos que implicam diferentes formas de trabalhar: “No teatro beneficiamos imenso por estar em contacto directo com o público que nos está a ver. As nossas energias enquanto actores e as energias do público cruzam-se e cada espectáculo é único”. Quanto ao pequeno ecrã, Cláudia apelida-o de ginásio dos actores: “Sinto que treino imenso a minha memória”. Já o cinema, “tem uma magia diferente”. Três formatos, o mesmo talento.

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